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A doutrina da
reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas
existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia que formamos
da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral
inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas
esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros
por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam
(p. 144). Temos
raciocinado, abstraindo, como dissemos, de qualquer ensinamento espírita
que, para certas pessoas, carece de autoridade. Não é somente porque
veio dos Espíritos que nós e tantos outros nos fizemos adeptos da
pluralidade das existências. É porque essa doutrina nos pareceu a mais
lógica e porque só ela resolve questões até então insolúveis (p. 175). |
Kardec (2006, p. 91) ainda afirma que “a
reencarnação é a volta da alma ou espírito à vida corpórea, mas em outro
corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o
antigo”. Para os espíritas é a única forma de Deus fazer a sua justiça
levando o homem a muitas existências sucessivas oferecendo um meio de
resgatar os seus erros, com o objetivo de atingirem a perfeição.
Para
Chaves (2006) ressurreição e reencarnação significam a mesma coisa, pois
na reencarnação é o espírito que ressurge novamente, porém num novo
corpo. “Mas como a ressurreição, na verdade, é do espírito, e não da
carne, ressurreição significa também reencarnação” (p. 81). É
impressionante que o autor espírita cita que o apóstolo Paulo na carta
de I Coríntios capítulo 15 verso 44 diz que nós temos dois corpos, um de
natureza carnal e outro espiritual e este é o que ressuscita, ou seja,
para ele este é o que reencarna. Contudo o autor apenas faz referência a
textos que mencionam momentos da morte física em que o corpo volta ao pó
e o espírito ressuscita no mundo espiritual. Contradiz-se, porém, quando
em outro texto descreve que “ressurreição na Bíblia pode significar
também reencarnação”. Se afirmar que pode significar, então se dá um
caráter de que em algumas situações não é. |
A Bíblia que é a Palavra de
Deus, diz que a reencarnação não existe. “E, assim como aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. Este registro
encontra-se na carta aos Hebreus capítulo 9 verso 27. No livro de Jó
capítulo 7 versos 9 e 10 relatam que “Tal como a nuvem se desfaz e passa,
aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir. Nunca mais tornará à
sua casa, nem o lugar onde habita o conhecerá jamais”. A reencarnação é
entendida pelos espíritas como algo necessário para a evolução do homem
rumo à perfeição, porém a Bíblia afirma que o homem é aperfeiçoado quando
aceita Jesus Cristo como Salvador. “Porque, com uma única oferta,
aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” isso conforme a
carta aos Hebreus capítulo 10 versos 1 e 14. Cabral considera que esta
doutrina anula a salvação e invalida a redenção do pecador por meio da
morte de Jesus Cristo.
Considerando que o
espiritismo tem insistido em dizer que João Batista foi reencarnação de
Elias, enquanto o próprio João Batista negou tal fato no evangelho de João
capítulo 1 verso 21. Considerando que o espiritismo tem sustentado que um
espírito ao manifestar-se numa sessão mediúnica assume a sua última
identidade corpórea; considerando que, se assim fosse, e que João Batista
já estava morto, registro descrito no evangelho de Lucas capítulo 9 verso
9, quem deveria ter aparecido no Monte da Transfiguração, Elias ou João?
(verso 30). Já que para os espíritas este texto refere-se a uma sessão
mediúnica; considerando que "vir no espírito de Elias", registrado no
evangelho de Lucas capítulo 1 verso 17, não é o mesmo que "vir com
o espírito de Elias". No mesmo espírito quer dizer que eles estavam no
mesmo ímpeto, eram semelhantes. João foi perseguido por uma mulher
(Herodias), Elias foi perseguido por Jezabel; João foi perseguido por um
rei (Herodes), Elias foi perseguido pelo rei Acabe; João usava uma capa de
pêlo de camelo, Elias da mesma forma usava uma capa deixando-a para
Eliseu; João era intrépido, Elias também; João foi o último profeta, Elias
representa os profetas. Eles estavam no mesmo ímpeto. E ainda considerando
que "sobre Eliseu repousava o espírito de Elias", em II Reis 2:15, não
quer dizer que Eliseu era Elias reencarnado, uma vez que ambos viveram
juntos; considerando que Elias não morreu, mas foi arrebatado segundo o
livro de II Reis capítulo 2 verso 11. Com tudo isso, desfaz-se assim a lei
reencarnacionista.
Há
três palavras que são parecidas e muitas vezes confundidas. Primeira: a reencarnação,
que é a entrada do mesmo
espírito em outro corpo, o que “não é Bíblico”. No livro de Jó capítulo 7
versos 9 e 10 dizem: “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce
à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o
seu lugar jamais o conhecerá”. Segunda: a regeneração, que é a mudança das
disposições dominantes da alma, estando no mesmo corpo é um fenômeno
dominante que ocorre numa existência. Paulo destaca na segunda carta aos
Coríntios capítulo 5 verso 17, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Na
carta aos Efésios capítulo 4 versos
22 a 24, Paulo
afirma: “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que
se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do
vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado
em verdadeira justiça e santidade”. Terceira: a ressurreição, que é a
volta do espírito ao próprio corpo. O evangelho segundo Lucas capítulo 8
versos 54 a 55 mostram o seguinte: “Entretanto, ele, tomando-a pela mão,
disse-lhe, em voz alta: Menina levanta-te! Voltou-lhe o espírito, ela
imediatamente se levantou, e ele mandou que lhe dessem de comer”. Vemos
nessa passagem uma oração de Jesus ao Pai para que o espírito de uma
menina voltasse ao corpo. Portanto não há semelhança na semântica das
palavras reencarnação e ressurreição. |