Para entender se o espiritismo é uma religião, faz-se necessário saber o
que é religião. Cabral (1986, p.11) afirma que o homem é um ser
religioso: “Deus já o fez assim e onde
quer que
se encontrem seres humanos encontram-se vestígios
de
religião”. A palavra "religião" vem do latim "religare" e, na
sua
essência significa "ligar-se novamente",
transmitindo a idéia de que o homem está separado.
Uma seita é considerada como tal, a partir de sua fundamentação em
heresias. Existem, porém alguns aspectos comuns entre as seitas, tais
como: Jesus não é o centro das atenções, apresentam outras fontes
doutrinárias além da Bíblia, ensinam o homem a desenvolver sua própria
salvação, entre outros.
Com uma visão geral,
pode-se dizer que os autores espíritas apresentam o espiritismo como uma
religião, ciência ou filosofia. Em contrapartida, os autores cristãos
fazem referência dele como seita ou seita-religião. Para tanto,
definir-se-á a seguir os conceitos de uma seita e de uma religião. |
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1.1 -
Caracterizando uma
Religião |
Conforme Damião (2005), a palavra religião apresenta
vários aspectos na sua conceituação, como uma definição etimológica,
onde refere haver discordância no significado que seja universalmente
aceito; uma definição genérica, ou seja, não existe uma definição
absolutamente determinada. Há, porém, conceitos gerais sobre a palavra,
não identificando seu significado real e por último, uma definição
filosófica, os quais estão relacionados com o tipo de corrente
filosófica que representam.
A
Bíblia, a Palavra de Deus, mostra como aconteceu a separação entre o
homem e seu criador no texto de
Gênesis
3:1-24
e desde então existe a necessidade
natural do ser humano se voltar para Deus. “A
verdadeira religião, portanto é aquela que
através
dos seus ensinamentos leva o homem a voltar-se para
Deus, o
criador e mantenedor de todas as coisas” (CABRAL, 1986, p. 11).
Damião (2005) afirma
que nas religiões Deus é o Ser supremo e aquele que criou todas as
coisas. No monoteísmo, tudo se iniciou com um único Deus cujos atributos
são: onipotente, onipresente e onisciente, santo, eterno, entre outros.
É reconhecido apenas como uma Divindade Suprema, que originou o mundo e
governa de longe toda a humanidade.
De acordo com Damião (2005), o surgimento das várias
correntes religiosas politeístas se deu em razão do afastamento do homem
deste único Deus pregado pelos monoteístas. A partir de então, começam a
ser observadas as substituições do Deus único por “espíritos menores e
deuses mais acessíveis” (DAMIÃO, 2005, p. 24). |
O espiritismo afirma primeiramente não ser uma
religião. Conforme descreve Kardec (2007), refere que: |
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Seu verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não de
uma religião; e a prova disso é que ele conta entre os seus aderentes
homens de todas as crenças, que por esse fato não renunciaram à suas
convicções: católicos fervorosos que não deixam de praticar todos os
deveres do seu culto, quando a Igreja os não repele; protestantes de
todas as seitas, israelitas, muçulmanos e mesmo budistas e bramanistas
(p.
145). |
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Pode-se fazer uma correlação com outra referência
bibliográfica do mesmo autor que contradiz completamente o texto acima,
afirmando ser o espiritismo não só uma religião, mas a verdadeira
religião
(KARDEC,
2006, p. 331). |
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Instituirá a verdadeira
religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a
Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um
altar. |
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1.2 - Caracterizando uma Seita |
Com
relação ao conceito de seitas, Geisler & Rhodes (2006), informam não
haver concordância entre autores. Há sim, três características
fundamentais a fim de reconhecê-las. Lembrando que estas não se
manifestam em todas as seitas. São elas: características doutrinárias,
sociológicas e morais.
Entre as características doutrinárias, as seitas negam a Bíblia como
autoridade única. Apresentam literaturas substitutivas à Bíblia que
norteiam as posturas doutrinárias daquela seita. Dão ênfase também a uma
visão distorcida de Deus e de Jesus, negam a salvação pela graça e
afirmam que seus líderes recebem revelações diretas de Deus, se tornando
um canal direto de comunicação com Deus.
Segundo
Geisler & Rhodes (2006) as características sociológicas são: o
autoritarismo, onde a figura da autoridade utiliza técnicas de controle
mental sobre seus membros; o exclusivismo, demonstrando que somente
aquela seita tem verdade; o dogmatismo de forma institucional; mentes
fechadas, entre outras.
Nas
características morais incluem o legalismo, estabelecendo um conjunto de
regras rigorosas; a perversão sexual, o abuso físico e a intolerância
para com as outras pessoas, que se manifesta a partir de hostilidade,
culminando algumas vezes com assassinato.
Não há
referências espíritas que denominem o espiritismo como uma seita, apenas
uma contradição já mencionada em ser ou não uma religião. Cabral (1986),
contudo, cita o espiritismo como uma seita-religião. |
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Livros e mais livros têm sido escritos sobre o
espiritismo nos seus diversos aspectos. O povo evangélico brasileiro,
particularmente, dispõe de algumas obras significantes quanto à
história, doutrinas e refutações bíblicas no que se refere a essa
seita-religião que de acordo com as denominações que recebe, mostra a
manifestação de satanás no meio do "seu povo"
(p.
119). |
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